Testemunho Ministério de Clayver e Gilci‏ | Palmas – TO

Palmas, 30 de Junho de 2016.

“O mundo não era digno deles…” Hebreus 11:38 a

A princípio relutei em escrever, porque é tudo tão intenso. E enquanto conversava com o Senhor a respeito, Ele me lembrava da palavra que havia dado a Clayver quando diagnosticado (CA de pulmão). A palavra foi em Salmos 45 e no v. 17a , diz: – Perpetuarei a tua lembrança por todas as gerações….

Clayver e eu, começamos a namorar em 1996 e no ano seguinte ingressamos no seminário, com o desejo de aprender mais para servir melhor. Entretanto, não demorou muito, o Clayver estava convicto do chamado pastoral. Seus olhos sempre brilharam ao falar e até mesmo a pensar no ministério. Ao participar dos Projetos Nilson Braga, o anseio por servir ao Senhor, só aumentava.

Nos casamos em 2001 e em 2002 após uma viagem missionária, ele voltou certo de que queria abri mão de tudo para viver integralmente para a obra. Então, me disse: “- Gilci, não sei como será. Só sei que está queimando em mim. Posso dar o aviso prévio no serviço?”. Com a fome que estava em meu coração, logo respondi:” – Só se for agora… rsrs”.

Ainda em 2002, abrimos mão de tudo e fomos pro campo missionário em Jequié-BA. Presenteados pelo com aquele povo tão amável, o Senhor nos ensinou a viver por fé, nos ensinou sua fidelidade em meio a nossa total dependência dele.

Mas, em 2004, a direção do vento do Espírito mudou e fomos “soprados” para Palmas. Ainda me lembro o dia em que o Senhor nos deu toda a convicção necessária pra investirmos nossas vidas nesta cidade e Estado… Foi durante um assalto no ônibus em que estávamos, onde atiraram no trocador que morreu nos braços do Clayver. Ele me dizia: “-Se o diabo queria nos intimidar, se deu mal. Tenho certeza de que é este o lugar”.

E aqui, nesta terra, Palmas- TO, ele fincou seus pés no dia 16 de janeiro de 2004 e disse: “- Deus nos dará esse Estado”.

Pra isso ele se deu. Implantou vários trabalhos, lançou o Projeto Pé na Estrada, com o objetivo de alcançar as 139 cidades do Tocantins. Abriu mão de suas necessidades pessoais pra que a obra avançasse; entregou seus pouquíssimos bens (1 lote e 1 carro – nosso instrumento de trabalho) para ajudar na construção do templo. Andou a pé, durante 1 ano e meio, na extensão e calor desta cidade, sem nunca reclamar de nada. E foi o ano que a igreja mais cresceu.

A qualquer hora do dia ou da noite, estava a disposição e muitas foram as madrugadas regadas com aconselhamentos e socorro dos irmãos. Viajava extensas distâncias entre os campos que foram abertos, saindo de madrugada sem ter hora para voltar. E sempre voltou alegre e contagiante, cheio de sonhos e expectativas, de forma incansável. Muitos foram os dias em jejum sem mastigar nada. Muitas foram as horas na Tenda do Encontro (seu escritório) chorando e clamando. Com boca no pó, se humilhando e exaltando ao Senhor. Extremamente humilde, que não contava nem a mim coisas que fazia pela vida dos outros (as quais fui descobrindo depois da sua morte, pelo testemunho das pessoas).

Ensinou a essa família (Igreja Congregacional em Palmas), a amar a obra missionária, a interceder, a investir e ir. Incendiou os corações de muitos, que hoje estão a caminho da preparação para “DO TOCANTINS AOS CONFINS”! Desse amor pela obra missionária, nesses 12 anos tem se investido aos confins, e 6 municípios do Tocantins foram alcançados. Ainda nos faltam 133 municípios. E a IGREJA EVANGÉLICA CONGREGACIONAL – SUA FAMÍLIA EM PALMAS (como somos conhecidos), vai dar continuidade aos sonhos e projetos que o pastor Clayver, dirigido pelo Espírito Santo, deu início.

Nós não vamos parar! Esse legado, será honrado, com a certeza de que esta é a vontade do Senhor!

Durante a enfermidade e morte do pastor Clayver, muitos me perguntavam, porque o pastor Clayver? Um homem que era puro amor. O próprio testemunho de integridade, cheio de vigor e sonhos? Com tanta gente ruim no mundo, porque levar alguém que vviveu passo a passo o exemplo de Cristo? Eu dizia: – Nós já sabemos pra que. Através da sua morte muitos se reconciliaram, se converteram por meio desse testemunho. Médicos e enfermeiros sendo incomodados pela unção de um homem, que nas últimas semanas praticamente não falava, e abriu caminho pra que hoje pudéssemos pregar para cada um deles. Um homem que como Abel, “embora esteja morto, por meio da fé, ainda fala “. Mas foi a declaração de nossa sobrinha de 12 anos que de forma tão madura, me fez compreender a vontade do Senhor de forma tão amável. Ela disse:

“…Mas, tentei me manter de cabeça erguida, pois alguém que realizou tantas coisas maravilhosas na Terra, evangelizou muitas e muitas pessoas, alguém tão maravilhoso quanto o meu tio, ELE MERECE O CÉU. E é lá que eu sei que ele está…” (Ana Beatriz Rocha)

Através dessa declaração, entendi com clareza o que a bíblia relata em Hebreus 11: 38. Meu marido, pastor e missionário Clayver Santos Cardoso, era um homem do qual o mundo não era digno dele.

Me fez a esposa mais amada, a ovelha mais comprometida e incendiada pelo Espírito Santo.

Ao Senhor serei grata eternamente, pelo privilégio de conhecê-lo e desfrutar do seu amor e convívio.

Gilcimara Fernandes Nunes Cardoso